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MG REGISTRA 15 ATROPELAMENTOS POR DIA

O atropelamento é uma das formas mais letais de acidente de trânsito no estado. Essas tragédias são parte de dinâmica de trânsito que vitimou 79 pessoas apenas nos três primeiros meses deste ano em Minas, de acordo com dados do de Acidentes de Trânsito da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). A média, nesse período, é de 15 atropelamentos por dia.

Um estudo do Ministério dos Transportes, publicado há dois anos, aponta que metade dos acidentes no país são causados por falhas humanas, como desrespeito às leis de trânsito e falta de atenção. Mas esses descuidos também podem vir do lado do pedestre. Especialistas em segurança no trânsito ouvidos pelo Estado de Minas apontam erros de motoristas, pedestres e de sinalização das vias. Os dois elos dessa cadeia (motorista e pedestre) dividem a responsabilidade pelos acidentes, especialmente no caso de atropelamentos, e ainda há um somatório de desatenção e impaciência no trânsito.

“São fatores determinantes para esses acidentes o desrespeito às normas de trânsito, avanço de sinal, falhas de atenção ao conduzir e atravessar as ruas”, lista o médico especialista em medicina do tráfego e diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra. O resultado é um saldo de 1.405 atropelamentos entre janeiro e março deste ano em Minas Gerais, segundo o da Sejusp. No ano ado, o estado contabilizou 6.106 vítimas, quase 20% delas ficaram em estado grave (1.074) e outras 306 perderam a vida no acidente. Um terço das ocorrências de atropelamentos ocorreu à noite.

Desatenção e pressa fazem parte da parcela de responsabilidade dos pedestres. Diariamente, é comum flagrar pessoas atravessando fora da faixa ou da arela, mesmo quando a travessia segura está a poucos metros de distância, e se arriscando com sinal aberto para os veículos, comportamento que pode acabar custando a vida. Outro problema que vem crescendo é o uso de celular, que rouba a atenção dos pedestres enquanto atravessam a rua. A falta de atenção foi a causa de quase metade (44,9%) dos atropelamentos registrados em BH no ano ado.

 

“Um pedestre desatento, com fone de ouvido ou mexendo no telefone, pode ser tão perigoso quanto um motorista imprudente. O elo mais vulnerável (pedestre) se priva de usar todos os sentidos em um momento mais crítico e também tem o prejuízo da atenção dividida, assim como o motorista. É o mesmo cenário, porém o pedestre não tem o arcabouço de proteção que o veículo oferece”, ressalta o diretor científico da Ammetra.

O impacto desses acidentes ultraa as estatísticas e pressiona o sistema de saúde. Historicamente, os acidentes de trânsito respondem por uma ocupação de 60% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 50% das cirurgias do Sistema Único de Saúde (SUS), aponta o especialista. Neste ano, além das mortes, outras 257 vítimas de atropelamentos em Minas Gerais foram levadas ao hospital em estado grave. De janeiro a abril, o Hospital João XXIII, referência em trauma, atendeu 436 pedestres vítimas de atropelamento, número 5% maior do que o registrado no ano ado, quando houve 415 casos do tipo, conforme dados reados à reportagem pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Em 2024, a unidade tratou 1.355 vítimas de atropelamentos.

O professor de engenharia de transporte e trânsito Márcio Aguiar aponta que mesmo velocidades consideradas “aceitáveis” podem ser fatais para o pedestre, “o elo mais vulnerável da cadeia”. Estudos indicam que uma pessoa atropelada a uma velocidade de 60km/h – limite permitido na maioria das avenidas e ruas de BH – sofre um impacto equivalente a uma queda de um edifício de 11 andares. A 80km/h, o impacto é semelhante a cair de uma construção de 20 pavimentos e, a 120km/h, a despencar de um prédio de 45 andares. “Acima de 50km/h os danos a pedestres e ciclistas já são grandes”, considera o professor de engenharia de transporte e trânsito Márcio Aguiar.